Interessante a matéria "o andarilho", publicada na revista Piauí de 2007 e assinada por João Moreira Salles sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No texto é narrado o cotidiano de FHC como palestrante internacional. A sua rotina se resume a enfadonhas conversas com acadêmicos, ex-políticos e jornalistas. Um retrato decadente e incoerente. A decadência se manifesta na busca quase irracional por duas coisas: dinheiro e evidência.
Vejamos a primeira delas, o dinheiro. Fernando Henrique Cardoso é aposentado da USP, teve mandatos políticos em que nunca punha a mão no bolso para qualquer despesa, logo permitiriam a total economia de recursos. Provavelmente também recebe pensão referente a estes cargos. Mesmo assim, se queixa da falta de dinheiro e atribui a isto a aceitação de um obscuro cargo na desconhecida universidade americana de Brown. Quais seriam as suas despesas? Talvez o luxo e a ostentação lhe façam falta, mas certamente a falsa preocupação com a própria subsistência o torna uma figura desprezível. Também aparece a irritação com o fato de ter-se tornado alguém totalmente irrelevante. "Adoro falar de mim", ele diz lá pelas tantas. A falta de quem o ouça com algum interesse verdadeiro o aborrece.
A outra característica que salta aos olhos é a sua incoerência. E esta incoerência está relacionada também ao dinheiro. Vejamos dois excertos, o primeiro:
"Dentre amigos e colaboradores, é imensa a admiração intelectual por Pérsio Arida e André Lara Resende. Lamenta que tenham se retirado da vida pública e deixado de produzir: "Não deviam ter parado tão cedo. É que existe essa mania de ganhar dinheiro. Ganharam, e agora não sabem o que fazer. "
E o segundo, uma resposta a um certo Daniel Ferrante, fĩsico brasileiro que trabalha nos EUA e quer retornar ao Brasil. Ferrante pergunta a FHC se existe um projeto de nação no Brasil. Ele responde:
"Um projeto de nação...", FHC começou. "A pergunta pressupõe que exista um centro decisório, alguém que planeja. Não há mais. O Brasil é um dos últimos países a ter Ministério do Planejamento; na América Latina, acabaram todos. É um dos efeitos do neoliberalismo. Dito isso, acho que tem lugar para você lá. Agora, você vai ganhar pouco..."
Ou seja, uma hora o sr FHC diz a homens ricos que não deveriam se preocupar somente em ganhar dinheiro, a um idealista ele responde que ele vai ser pobre se perseverar em seus ideais. A incompetência deste homem em responder a estas questões é uma evidência do seu completo fracasso, e são também uma explicação da mediocridade que ele diz encontrar no Brasil, mas que não acredita existir em si mesmo, por mais evidente que ela seja.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
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