quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Truque da Elite

O filme Tropa de Elite 2 levanta algumas questões interessantes. Uma é a crítica ao serviço de segurança pública prestado pela polícia militar no Rio de Janeiro. O filme propõe que o batalhão de elite do BOPE pode estar prestando um serviço ao eliminar lideranças do tráfico em bairros pobres, pois estes seria substituídos por policiais corruptos que venderiam a segurança à população. É uma hipótese.

Por outro lado, o que salta aos olhos são as velhas arapucas intelectuais que aprisiona as mentes brasileiras. Uma é a necessidade de um salvador da pátria. No caso de tropa de elite 2, o cel. Nascimento assume este papel para unir os grupos de direitos humanos com a polícia. Outro conhecido atoleiro onde Padilha se mete são os conceitos vagos. O cel. Nascimento entra para a burocracia da segurança pública e afirma estar no centro do "sistema". Que sistema seria este? seria o sistema de segurança pública? não. Esta palavra frequenta o vocabulário de mentes simplificadoras de problemas. O sistema é tudo o que quem a emprega é incapaz de entender. Cria-se um conceito para assumir um papel de demônio no maniqueísmo habitual. O sistema tem que ser mudado, o herói criado é indispensável para a derrocada do tal "sistema". Existe uma interdependência entre estes dois conceitos, e no filme de Padilha a velha mania está patente.

Cinematograficamente, os pressupostos da fórmula hollywoodiana estão satisfeitos: uma solução milagrosa para uma falsa polêmica criada no âmbito de um problema difícil, mais uma certa dose de emotividade, que no caso do filme é dado por problemas pessoais do coronel com seu filho. Não admira que tenha alcançado o sucesso de público que teve.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Instituto da ex-Presidência

O futuro ex-presidente Lula começa a dar indicações sobre o seu futuro. Alguns cogitaram que ele poderia assumir o posto de secretário-geral da ONU. Delírios a parte, Lula engajar-se-á num certo instituto que levará seu nome. Típico político brasileiro, Lula não é exatamente criativo e copiou a idéia de Fernando Henrique Cardoso que por sua vez e copiou a idéia de ex-presidentes americanos.

A proposta principal de tais institutos é tentar aproveitar o prestígio dos ex-presidentes para levantar fundos para determinados projetos. O Instituto FHC provavelmente já não tem proposta nenhuma, dado o seu partido não tem qualquer projeto senão retomar o poder em 2014. Lula tem uma enorme popularidade no Brasil, fora nem tanto. A África foi onde Lula menos errou, então seu instituto vai tentar se aproveitar disso para angariar algum apoio ao governo Dilma naquele continente. Seu sonho de consumo é um assento permanente ao conselho de segurança com os votos dos africanos, sonho mais do que ilusório.

Já a proposta secundária de tais instituições é retardar o aparecimento da verdade histórica de seus governos. Os "estudos" publicados ali sempre têm a intenção de salientar algum suposto aspecto positivo do antigo governo e apontar propostas para a continuação destas pretensas benfeitorias. Evidente que mentiras têm pernas curtas, mas até lá o efeito eleitoral da verdade poderá menor. O IFHC falhou neste aspecto. Que o de Lula tenha a mesma sorte.

domingo, 21 de novembro de 2010

Pré-sal: dinheiro para financiar a ruína do Brasil

O governo brasileiro pretende investir na construção de submarinos nucleares, supostamente para proteger o litoral rico em pretróleo, segundo matéria divulgada por O Estado de S. Paulo. Cada submarino custa a bagatela de 550 milhões de euros, algo como 1,3 bilhão de reais. É claro que os custos não param por aí. Vão desde a construção e manutenção de instalações em terra, produção de combustível nuclear, radares, mísseis, pessoal, etc etc. Ou seja, uma fortuna cujos números podem crescer descontroladamente.

Quanto o governo brasileiro pretende lucrar com a exploração de petróleo na camada pré-sal? será que é algo muito superior ao custo e manutenção destes submarinos, fora todos os custos da exploração em si? Provavelmente não. O futuro do dinheiro do pré-sal não é a educação, como diz o sr. Lula. O verdadeiro destino dos recursos são a corrupção e os desejos nacionalistas escondidos em partidos de toda as vertentes políticas, mas principalmente de esquerda, como o PT. O petróleo é a chance de renovar o antigo desejo do governo militar de construir o Brasil-potência.

É claro que o Brasil jamais será capaz de enfrentar aos ditos gigantes do militarismo internacional: o os EUA, a Rússia e a China. Se quisesse fazê-lo, os recursos ganhos com a venda de petróleo seriam insuficientes. Sendo assim, a pretensa riqueza se transformará numa fonte de exploração, pois certamente os gastos militares serão muito maiores, e a sociedade sofrerá, na melhor das hipóteses com impostos, e na pior com alguma guerra, estúpida e desnecessária com todas as anteriores.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Lula sorri. Diplomaticamente.

O presidente americano Barak Obama declarou o seu apoio à candidatura da Índia a um assento permanente no conselho de segurança da ONU. É claro que a situação é bastante complicada, pois muita gente quer uma cadeira ali e todos têm opositores: a Índia tem o Paquistão, a Rússia e a China, o Brasil o México e a Argentina, a Alemanha a Itália, e assim vai. Ou seja, ainda será preciso muito tempo para que as palavras se traduzam em fatos.

Mas o fato é que a declaração do sr. Obama é uma derrota pessoal do sr. Lula, que também queria conseguir uma cadeira. Lula é entusiasta da diplomacia do sorrisinho. Em todas as questões internacionais onde tentou aplicá-la, se deu mal. Achou que à base de sorrisinhos, tapinhas nas costas e frases do tipo "conversando nos entendemos", além do seu suposto carisma, poderia resolver questões que se arrastam há décadas. Quis transformar Israel numa rua 25 de março, onde judeus e libaneses têm lojas em São Paulo, apoiou o presidente Zelaya de Honduras, ficou falando sozinho após inventar um acordo com o Irã que nenhum país levou a sério, transformou o Haiti num protetorado bastante dispendioso e tentou colocar brasileiros e outros terceiro-mundistas em cargos chave da ONU. Um fiasco completo, mas Lula manterá o seu sorriso, pois é a única coisa que tem a oferecer.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Lula e o New Deal brasileiro

Recentemente o sr. André Singer publicou um artigo entitulado "o lulismo e seu futuro" na revista Piauí. Nele, o governo de Lula é comparado com o de Franklin Delano Roosevelt nos EUA. No período considerado, houve uma grande redução da pobreza naquele país, e Singer acredita que Lula uma deixa um legado semelhante aos que o sucederão, pois terão de manter suas políticas sociais independente da cor partidária. Segundo Singer, quem não comprometer-se com a redução da pobreza, não terá chances eleitorais no Brasil.

Bem, vamos com calma. O sr. Singer é, ou foi, assessor de comunicação da presidência da República, e, pelo currículo de Lula, jamais poderia dizer algo que o desagradasse. Assim, o artigo recende a propaganda governamental travestida de análise.

Primeiro, como foi obtida a redução da pobreza em ambos os países? Nos EUA de Roosevelt, através do estímulo ao emprego pelo estado. O governo Lula também estimulou bastante o emprego através da manutenção da política monetária do governo FHC e pelo estímulo ao crédito ao preço do aumento do endividamento interno. Ele também foi muito favorecido pela conjuntura econômica mundial, o que não aconteceu com Roosevelt, que enfrentou a crise dos anos 1930. Programas de distribuição de renda como as bolsas sociais não foram empregadas nos EUA. Além disso, em 1930 os EUA eram um país mais industrializado do que o Brasil de Lula, cujo crescimento econômico foi baseado na exportação de commodities agrícolas e minerais e produtos montados no Brasil com componentes importados.

Assim, o que Roosevelt e Lula têm em comum? apenas uma vocação intervencionista do estado na economia, e a comparação seria possível com muitos outros governos com esta característica. A política monetária e a conjuntura internacional não são obra de Lula, e sem elas seu governo estaria arruinado.

Porém, o efeito eleitoral de Lula foi até agora bem-sucedido. Através das bolsas que não geram mudanças sociais duradouras, Lula conseguiu ajudar bastante sua sucessora na região nordeste. A outra parte da ajuda foi devida à geração de empregos no sudeste.

Ou seja, oRoosevelt e Lula têm mais diferenças que semelhanças. O sr. Singer explicita o colonialismo intelectual do qual é fruto através do seu texto. Ele busca colar a imagem de Lula na de um personagem histórico que tem uma imagem positiva e, mais importante, é um estrangeiro. Como a personalidade em questão é americana, o autor usa uma terminologia com um claro ranço de sindical para tentar evitar ser considerado pró-imperialismo pelos seus colegas de ofício. Uma peça literária que, tal como Lula, terá o lugar histórico que merece.

sábado, 6 de novembro de 2010

Aécio, o previdente

Algumas pessoas têm visão de longo prazo. O sr. Aécio Neves é um notável exemplo deste espécime no âmbito imediatista da política brasileira. Seu nome figura em várias discussões inócuas: na refundação do PSDB, numa indicação à presidência do senado, na omissão dele nome no discurso em que José Serra assume da derrota na eleição e na atração de parte da base política do futuro governo para uma oposição "do bem" liderada por ele. Aécio sabe que a maioria destas polêmicas não levará a qualquer resultado prático, salvo algum fato novo que surja. Porém, seu nome estará em evidência na imprensa. Ele, que não foi indicado como candidato à presidência por não ser conhecido o suficiente, quer eliminar este defeito desde já; e olha que ainda faltam quatro anos para a próxima eleição. Isto é que é exemplo de visão de futuro.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Iidioootaaa, com muito orguuulhoo, com muito amooor!

Nos anos 1950 alguns intelectuais de países ricos visitavam a ex-URSS a convite do governo local e diziam maravilhas do regime autoritário herdeiro do czarismo. Antes deste período, atribuem a Lênin a invenção do termo idiotas úteis para descrever as pessoas que se prestavam a este tipo de papel.

No Brasil vimos algo parecido na eleição de Dilma Roussef, com um movimento de "artistas e intelectuais" fazendo coisa parecida. Agora que a eleição passou, o governo recém-eleito não mais precisa destes cretinos e prepara novamente um pacote de maldades. A primeira medida que se avizinha é a recriação da famigerada CPMF, que vai arrancar uma fração de todas as movimentações bancárias e afetará sobretudo aos assalariados. Interessante que os tais intelectuais e artistas, alguns deles professores universitários, serão imediatamente atingidos.

Em todo caso, creio que a terminologia inventada por Lênin não descreva exatamente os intelectuais e artistas brasileiros entusiastas do petismo. Outrora, os comunistas de luxo ganharam viagens, mordomias, bajulações e outros agrados. No Brasil, eles trabalharam de graça para a promoção do político e agora estão prestes a ganhar um imposto que incide diretamente sobre os seus vencimentos. No Brasil a idiotice tem um passado de glória e um futuro bastante promissor, muito além do que qualquer mente revolucionária de antigamente seria capaz de imaginar.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dinheiro absurdo, projeto idem

Dilma Roussef acha absurdo alguém se opor ao projeto do trem de alta velocidade. Ela diz que todo o dinheiro, algumas dezenas de bilhões de reais, serão pagas pela iniciativa privada. Bem, digamos que não é bem assim. Quem manifestou interesse no projeto foi o governo, e não empresas. Além disso, as empreiteiras que o construirão tomarão dinheiro público emprestado via BNDES, que é um banco público. Ou seja, como os recursos do banco são finitos e a quantia envolvida é astronômica, é evidente que outros projetos serão preteridos em favor referido trem. Assim, as questões que a sra. Dilma e seus bajuladores não querem responder por considerarem-nas absurdas são: a quem ele beneficia? por que o governo petista quer construí-lo antes de investir numa malha ferroviária que atenda necessidades logísticas mais prementes?

Dilma mostra os dentes

Em sua primeira entrevista, ao lado de Lula, a sra. Dilma Rousssef demonstrou que é de fato a mais nova filha da mesma cadela sarnenta do autoritarismo que gerou Lula. No evento, Lula disse não se conformar com a sua derrota no caso da CPMF; em seguida, Dilma falou da opinião "absurda" de quem é contra o projeto do trem-bala. Ou seja, ambos consideram inaceitável serem questionados, afinal, estão sempre certos em quem os contraria e a favor do "quanto pior melhor". O sorrisinho de ambos esconde a mesma face autoritária de sempre. A frase final do "ovo da serpente" de Ingmar Bergman é válida neste caso: "atrás da fina membrana, é possível ver o réptil completamente formado".

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Serra: outra cobra que morde o próprio rabo

Em seu discurso após o resultado da eleição, José Serra disse aos que consideram-no derrotado, que a sua luta está "apenas no começo". Será mesmo? Qual seria a sua luta? Nos últimos anos ele esteve a pular de cargo em cargo apenas para manter-se em evidência para o pleito presindencial. Ele pode tentar novamente esta estratégia fracassada concorrendo à prefeitura de SP em 2012 e novamente à presidência dois anos depois.

O homem decente age quando acredita que ninguém mais, senão ele próprio, pode e deve atuar na defesa seus valores, e faz isto não em prol de si, mas daqueles valores. Se qualquer outra pessoa pode realizar esta tarefa a contento, isso significa que tais valores estarão preservados no longo prazo, e a obstinação em realizar tal tarefa perde o sentido.

Como Serra não defende qualquer projeto ou valor, e qualquer um é capaz de desempenhar a função decorativa que ele imagina para si, seu discurso enfatizou a sua obsessão pelo poder, e mostrou que a sua condenação pela história, esta sim, está apenas no começo.

boa e má

Uma boa/má-notícia pós-eleitoral: Serra perdeu/Dilma venceu.