sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz 2003, sra. Dilma Roussef

Amanhã, primeiro de janeiro, a sra. Dilma Roussef receberá do sr. Lula a faixa presidencial. As coincidências com a mesma data de oito anos atrás são grandes. Antônio Palocci como ministro e José Dirceu como eminência parda serão protagonistas e militantes do PT paulista são a maioria do novo ministério, tal como foram no criticado 'paulistério' de antanho. Dirceu chegou inclusive a anunciar que este seria o primeiro governo realmente petista. A figura de Lula, com a sua exuberante xucrice que ofuscou mentes supostamente mais preparadas deverá a ser afastada da realidade, colocada no altar do patriotismo e invocada somente em rituais de exorcismo. A alegria de ser ignorante de Lula dá lugar à sobriedade da instruída Dilma, que dizem ser inclusive uma mulher de cultura literária.

Em relação ao primeiro governo Lula, as expectativas são pequenas, algo desejável para a nova ocupante da cadeira presidencial. Acredita-se no continuísmo, mas eu não apostaria todas as fichas neste cavalo. Mais experientes, os petistas já sabem que é melhor cobrar impostos de empresas privadas do controlar empresas estatais, que é melhor moeda forte que inflação, já cometeram erros que seus adversários não souberam aproveitar para derrotá-los, e não devem cometê-los novamente. A condição oposicionista é difícil, são poucos e medíocres, sendo Aécio Neves a única figura de destaque.

Porém, uma incerteza paira no ar: os ideais da esquerda nacionalista que nortearam a criação do PT e a sua chegada ao poder provavelmente não foram totalmente trocados pelo pragmatismo, e a sua implementação ganha nova chance. Sem o viço da juventude da posse de Lula, os petistas têm, aos 30 anos, a mesma oportunidade que tiveram aos 22. Mais um milagre de Lula, que consolidou o poder petista e praticamente girou o relógio político no sentido anti-horário. Não poderíamos finalizar sem desejar um feliz no velho à sra. Dilma Roussef.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Campo da Ostra

Começou a temporada de invenção histórica. A saída de Lula do Planalto será acompanhada por uma campanha pela sua entrada no imaginário brasileiro. Primeiro é a mudança do nome do campo de Tupi do pré-sal para campo de Lula. Moluscos e outros monstros marinhos devem nomear tais campos, ouvi dizer. Em todo caso, é ridículo acreditar que foi uma escolha justa para com os outros seres das profundezas. Logo aparecerão avenidas e praças com o seu nome. Também já deram-lhe o título mundial de popularidade: 87% contra 84% de Michele Bachelet e 82% de Nelson Mandela ao final dos respectivos governos. Relevância destas pesquisas a parte, será razoável comparar tais resultados independentemente da sua confiabilidade e dos seus métodos? Irrelevante, é claro, sobretudo para os marqueteiros de plantão e para a arraia miúda.

Por outro lado, fora do Brasil Lula parece que já meteu os pés pelas mãos, o que o tornará figura impopular. Apoia os polêmicos regimes de Cuba, Irã, Bolívia, Equador e Venezuela, asilará Cesare Battisti, se regozijou publicamente da crise européia e americana, apoiou Manuel Zelaya em Honduras, promove um rearmamento brasileiro que pode desencadear uma corrida armamentista na América do Sul; resumidamente, um desastre. Suas pretensões internacionais estão restritas à África e à América Latina, não sem ressalvas. Ou seja, paira sobre Lula uma ameaça de ostracismo, pois ninguém está imune às intempéries que afligem a existência humana, cuja felicidade, jamais é estável.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Wikileaks Brazil

Depois da tormenta da divulgação da correspondência diplomática pelo Wikileaks, o caso começa a se tornar menos interessante para a imprensa, e a menos que algo novo surja, o episódio não terá maiores repercussões. Ninguém falou exatamente quais são os segredos estratégicos divulgados e que colocariam a segurança nacional americana e de outros estados em risco. Mais do que qualquer informação relevante, o que os altos funcionários não gostaram foi de ter a sua mediocridade revelada. No que se refere ao Brasil, um fato me chamou a atenção: a política militar. Os americanos ficaram perplexos com o interesse brasileiro em investir em aviões e submarinos sem ter qualquer inimigo visível no horizonte. À medida que o Brasil quiser aparecer pela ostentação de um poderio militar, é possível que este inimigo apareça. Pode ser a Colômbia, a Argentina, a Venezuela ou mesmo os EUA. É infantil procurar um inimigo para tentar se auto-afirmar, mas é o que o governo brasileiro quer, e não deverá mudar no governo que se inicia em janeiro próximo.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Quércia: pena que não existe inferno

Orestes Quércia, ex-governador de São Paulo, está morto. Seu governo e o de seu continuador, Luiz Antonio Fleury Filho, foram bastante ruins. A indústria automobilística, como sempre, se deu bem: foram muitas estradas para os felizes proprietários de automóveis. O transporte ferroviário continuou seu processo de sucateamento com a deterioração da Fepasa. Por outro lado em seu governo foi construída a hidrovia Tietê-Paraná. Um ponto positivo em contradição com o suposto favorecimento às rodovias, alguém pode argumentar. Entretanto, a tal via fluvial é de pequena utilidade se não estiver acoplada a outros transportes, sobretudo o ferroviário. Ou seja, foi uma obra isolada, de custo elevado, que foi útil na eleição de Fleury mas teve um impacto mínimo na matriz logística do estado. Também não se pode esquecer o caos financeiro que seguiu-se à megalomania destes senhores, com a capacidade de investimento do estado estrangulada durante alguns anos. A venda do Banespa foi necessária para cobrir o rombo gerado pelas obras tocadas sem a devida engenharia financeira. Não que depois da cobertura do rombo algo tenha mudado na política de investimentos do estado, mas o fato é que Quércia foi mais um desta linhagem. Todos costumam ser considerados bonzinhos após a morte; esta é a tradição brasileira, da qual comungo. A morte de Quércia é uma boa notícia e só não é melhor pois não ocorreu há 25 anos, antes da sua eleição para o Palácio dos Bandeirantes.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sistema internacional lulista de medidas

Lula diz que a solução dos conflitos no oriente médio passa por um aumento do número de mediadores para as negociações. Digamos que é uma afirmação, no mínimo, temerária. Qual o papel do mediador numa negociação? Aparentemente Lula acha que é pressionar uma das partes a aceitar a proposta do oponente. Ou seja, ao invés de mediar, o árbitro se coloca ao lado de uma das partes envolvidas. Talvez Lula e seus assessores de relações exteriores achem que os EUA tomam o lado israelense e então outros participantes entrariam para auxiliar os palestinos. Algo que pode não estar totalmente errado, mas a solução proposta pela entrada de mais mediadores certamente não mudará o quadro.

Idéias como esta são comuns na visão que o PT e outros esquerdistas têm das relações internacionais. Se tal fato se materializasse, seria uma reedição da guerra fria, onde americanos e soviéticos disputavam a influência sobre países politicamente instáveis. Este tipo de política internacional interessa apenas aos governantes brasileiros ávidos de poder fora das fronteiras do seu estado e aos EUA, naturalmente. Afinal, os americanos não têm adversário militar e nunca vão ceder à pressão de quem quer que seja. Os povos dos estados envolvidos em tal negociação são os menos interessados. Primeiro pois normalmente tais populações são mantidas em estado de guerra ou de autoritarismo pelos seus próprios compatriotas, segundo pois os seus defensores externos os utilizarão como objeto de disputas comerciais e e políticas entre os mediadores que nada têm a ver com o conflito particular. Ou seja, tal mediação não leva à solução de nenhuma disputa entre partes, pois a solução é totalmente desinteressante aos mediadores, que perderiam uma arena de atuação internacional. Mais uma vez, Lula perde a chance de ficar calado.

sábado, 18 de dezembro de 2010

O comunismo tupiniquim

O aumento dos salários congressistas em mais de 60%, o triplo da inflação acumulada no período sem aumentos, é totalmente absurdo e injustificado. Em todo caso, episódios como esse servem para entender como funciona a engrenagem política brasileira. Existe uma política eleitoral feita de palavras e uma política de ações que nada tem a ver com aquele discurso.

Em momentos como esta votação, como em quase todos fora da disputa eleitoral, as divergências ideológicas desaparecem completamente. Vamos ver o chamado PC do B. A ideologia comunista propõe que as diferenças econômicas entre as classes sociais sejam suprimidas. Uma maneira de atingir este intuito é conceder aumentos salariais maiores a quem ganha menos e não o contrário. Eu tenho duas hipóteses para explicar o comportamento do deputados ditos comunistas. A primeira é que talvez os parlamentares comunistas acreditem que a única maneira de forçar a revolta popular que levará ao comunismo seja o agravamento das diferenças econômicas entre as classes e isto levaria à revolta. É claro que esta é uma estratégia de alto risco para o pescoço dos revolucionários de gabinete, pois os revoltosos provavelmente priorizariam a eliminação destas figuras supostamente causadoras da própria revolução. Como brasileiros não são muito afeiçoados ao sacrifício pessoal em prol de outrem, suponho que esta hipótese possa ser afastada.

Uma outra possibilidade seria um nivelamento de classes por cima, e posteriormente os deputados fariam algo para elevar a base da pirâmide social em direção ao seu topo. Qualquer semelhança com a história de primeiro crescer o bolo e depois repartí-lo do ex-ministro Antonio Delfim Netto não me parece mera coincidência. Na verdade é totalmente consistente com uma tradição politica brasileira que remonta ao período imperial. O parlamentarismo às avessas daquele período, onde primeiro se elegiam os políticos e depois fazia-se a eleição é bastante parecido. Os nossos nada criativos marxistas copiaram a idéia e chegaram no comunismo às avessas. Acho que esta explicação faz sentido e corrobora a atuação de figuras como o rastejante Aldo Rebelo, a deputada patricinha Manuela D'Ávila e os demais espertalhões que exploram o nicho do mercado eleitoral formado pelos comunistas que apreciam ser enganados.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A alma-penada da crise assombra Lula e Mercadante

Alguém se lembra da crise do subprime de 2008? Parece até algo acontecido num passado mais remoto que a crise de 1929, o seu retrato apocalíptico em branco-e-preto. Confiando no esquecimento e numa possível burrice de quem os ouvia, alguns políticos brasileiros espalharam análises apressadas e simplórias, dignas do seu estado intelectual precário.

Talvez a palavra análise não seja a mais adequada para descrever a opinião destes senhores, pois esta se resumiu a uma frase a ser repetida como um mantra por seus seguidores incautos. A tal máxima, proferida pelos senhores Lula e Aloísio Mercadante, era algo como: "a crise do subprime sepultou as teorias de não-intervenção do estado na economia dos países". É claro que Lula entende menos de economia do que futebol, mas esperávamos que o sr. Mercadante, professor universitário e doutor em economia, soubesse que é preciso um pouco de tempo para entender um fenômeno complexo, cujos efeitos são sentidos no médio e até no longo prazos, e que é preciso mais cautela antes de dizer que todo um conhecimento acumulado deve ser atirado ao lixo.

Passados dois anos, a crise arrefeceu mas os seus efeitos perduram nos EUA e na Europa. Para combatê-los, os governos que encharcaram seus mercados financeiros com dinheiro público começam a cobrar pelo serviço de atenuar a crise de uma maneira bastante ortodoxa: o corte de gastos públicos. A mesma providência que Lula e Mercadante acreditaram ter ficado para o currículo da oposição reacionária, causadora da crise através do seu liberalismo selvagem. Nesse momento, os citados políticos mantém o bico calado e a esperança que esta análise econômica se perca no acervo de idiotices que compõem os seus discursos.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Instituto: você também pode ser um

Lula diz na cidade de Estreito, no Maranhão, que políticos eleitos são instituições, e por isso devem ser respeitados. Nada mais coerente com a sua visão autoritária da política. Já falei deste assunto anteriormente, então não vou me estender. Mas o fato é mais uma evidência de que Lula não entende que todas as pessoas, inclusive os políticos, deveriam ser iguais perante a lei. No Brasil, esta igualdade não existe, dadas as imunidades parlamentares. O fato de tais instituições de carne e osso precisarem ser respeitadas pelo cargo que ocupam é apenas mais um agravante, pois a mensagem é que quem não é cidadão-instituto não precisa ser necessariamente respeitado. Lula é um retrato do Brasil, do que ele tem de pior, que é o autoritarismo granulado em pequenas atitudes cotidianas tal a observada na inauguração da comporta da hidrelétrica maranhense.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Truque da Elite

O filme Tropa de Elite 2 levanta algumas questões interessantes. Uma é a crítica ao serviço de segurança pública prestado pela polícia militar no Rio de Janeiro. O filme propõe que o batalhão de elite do BOPE pode estar prestando um serviço ao eliminar lideranças do tráfico em bairros pobres, pois estes seria substituídos por policiais corruptos que venderiam a segurança à população. É uma hipótese.

Por outro lado, o que salta aos olhos são as velhas arapucas intelectuais que aprisiona as mentes brasileiras. Uma é a necessidade de um salvador da pátria. No caso de tropa de elite 2, o cel. Nascimento assume este papel para unir os grupos de direitos humanos com a polícia. Outro conhecido atoleiro onde Padilha se mete são os conceitos vagos. O cel. Nascimento entra para a burocracia da segurança pública e afirma estar no centro do "sistema". Que sistema seria este? seria o sistema de segurança pública? não. Esta palavra frequenta o vocabulário de mentes simplificadoras de problemas. O sistema é tudo o que quem a emprega é incapaz de entender. Cria-se um conceito para assumir um papel de demônio no maniqueísmo habitual. O sistema tem que ser mudado, o herói criado é indispensável para a derrocada do tal "sistema". Existe uma interdependência entre estes dois conceitos, e no filme de Padilha a velha mania está patente.

Cinematograficamente, os pressupostos da fórmula hollywoodiana estão satisfeitos: uma solução milagrosa para uma falsa polêmica criada no âmbito de um problema difícil, mais uma certa dose de emotividade, que no caso do filme é dado por problemas pessoais do coronel com seu filho. Não admira que tenha alcançado o sucesso de público que teve.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Instituto da ex-Presidência

O futuro ex-presidente Lula começa a dar indicações sobre o seu futuro. Alguns cogitaram que ele poderia assumir o posto de secretário-geral da ONU. Delírios a parte, Lula engajar-se-á num certo instituto que levará seu nome. Típico político brasileiro, Lula não é exatamente criativo e copiou a idéia de Fernando Henrique Cardoso que por sua vez e copiou a idéia de ex-presidentes americanos.

A proposta principal de tais institutos é tentar aproveitar o prestígio dos ex-presidentes para levantar fundos para determinados projetos. O Instituto FHC provavelmente já não tem proposta nenhuma, dado o seu partido não tem qualquer projeto senão retomar o poder em 2014. Lula tem uma enorme popularidade no Brasil, fora nem tanto. A África foi onde Lula menos errou, então seu instituto vai tentar se aproveitar disso para angariar algum apoio ao governo Dilma naquele continente. Seu sonho de consumo é um assento permanente ao conselho de segurança com os votos dos africanos, sonho mais do que ilusório.

Já a proposta secundária de tais instituições é retardar o aparecimento da verdade histórica de seus governos. Os "estudos" publicados ali sempre têm a intenção de salientar algum suposto aspecto positivo do antigo governo e apontar propostas para a continuação destas pretensas benfeitorias. Evidente que mentiras têm pernas curtas, mas até lá o efeito eleitoral da verdade poderá menor. O IFHC falhou neste aspecto. Que o de Lula tenha a mesma sorte.

domingo, 21 de novembro de 2010

Pré-sal: dinheiro para financiar a ruína do Brasil

O governo brasileiro pretende investir na construção de submarinos nucleares, supostamente para proteger o litoral rico em pretróleo, segundo matéria divulgada por O Estado de S. Paulo. Cada submarino custa a bagatela de 550 milhões de euros, algo como 1,3 bilhão de reais. É claro que os custos não param por aí. Vão desde a construção e manutenção de instalações em terra, produção de combustível nuclear, radares, mísseis, pessoal, etc etc. Ou seja, uma fortuna cujos números podem crescer descontroladamente.

Quanto o governo brasileiro pretende lucrar com a exploração de petróleo na camada pré-sal? será que é algo muito superior ao custo e manutenção destes submarinos, fora todos os custos da exploração em si? Provavelmente não. O futuro do dinheiro do pré-sal não é a educação, como diz o sr. Lula. O verdadeiro destino dos recursos são a corrupção e os desejos nacionalistas escondidos em partidos de toda as vertentes políticas, mas principalmente de esquerda, como o PT. O petróleo é a chance de renovar o antigo desejo do governo militar de construir o Brasil-potência.

É claro que o Brasil jamais será capaz de enfrentar aos ditos gigantes do militarismo internacional: o os EUA, a Rússia e a China. Se quisesse fazê-lo, os recursos ganhos com a venda de petróleo seriam insuficientes. Sendo assim, a pretensa riqueza se transformará numa fonte de exploração, pois certamente os gastos militares serão muito maiores, e a sociedade sofrerá, na melhor das hipóteses com impostos, e na pior com alguma guerra, estúpida e desnecessária com todas as anteriores.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Lula sorri. Diplomaticamente.

O presidente americano Barak Obama declarou o seu apoio à candidatura da Índia a um assento permanente no conselho de segurança da ONU. É claro que a situação é bastante complicada, pois muita gente quer uma cadeira ali e todos têm opositores: a Índia tem o Paquistão, a Rússia e a China, o Brasil o México e a Argentina, a Alemanha a Itália, e assim vai. Ou seja, ainda será preciso muito tempo para que as palavras se traduzam em fatos.

Mas o fato é que a declaração do sr. Obama é uma derrota pessoal do sr. Lula, que também queria conseguir uma cadeira. Lula é entusiasta da diplomacia do sorrisinho. Em todas as questões internacionais onde tentou aplicá-la, se deu mal. Achou que à base de sorrisinhos, tapinhas nas costas e frases do tipo "conversando nos entendemos", além do seu suposto carisma, poderia resolver questões que se arrastam há décadas. Quis transformar Israel numa rua 25 de março, onde judeus e libaneses têm lojas em São Paulo, apoiou o presidente Zelaya de Honduras, ficou falando sozinho após inventar um acordo com o Irã que nenhum país levou a sério, transformou o Haiti num protetorado bastante dispendioso e tentou colocar brasileiros e outros terceiro-mundistas em cargos chave da ONU. Um fiasco completo, mas Lula manterá o seu sorriso, pois é a única coisa que tem a oferecer.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Lula e o New Deal brasileiro

Recentemente o sr. André Singer publicou um artigo entitulado "o lulismo e seu futuro" na revista Piauí. Nele, o governo de Lula é comparado com o de Franklin Delano Roosevelt nos EUA. No período considerado, houve uma grande redução da pobreza naquele país, e Singer acredita que Lula uma deixa um legado semelhante aos que o sucederão, pois terão de manter suas políticas sociais independente da cor partidária. Segundo Singer, quem não comprometer-se com a redução da pobreza, não terá chances eleitorais no Brasil.

Bem, vamos com calma. O sr. Singer é, ou foi, assessor de comunicação da presidência da República, e, pelo currículo de Lula, jamais poderia dizer algo que o desagradasse. Assim, o artigo recende a propaganda governamental travestida de análise.

Primeiro, como foi obtida a redução da pobreza em ambos os países? Nos EUA de Roosevelt, através do estímulo ao emprego pelo estado. O governo Lula também estimulou bastante o emprego através da manutenção da política monetária do governo FHC e pelo estímulo ao crédito ao preço do aumento do endividamento interno. Ele também foi muito favorecido pela conjuntura econômica mundial, o que não aconteceu com Roosevelt, que enfrentou a crise dos anos 1930. Programas de distribuição de renda como as bolsas sociais não foram empregadas nos EUA. Além disso, em 1930 os EUA eram um país mais industrializado do que o Brasil de Lula, cujo crescimento econômico foi baseado na exportação de commodities agrícolas e minerais e produtos montados no Brasil com componentes importados.

Assim, o que Roosevelt e Lula têm em comum? apenas uma vocação intervencionista do estado na economia, e a comparação seria possível com muitos outros governos com esta característica. A política monetária e a conjuntura internacional não são obra de Lula, e sem elas seu governo estaria arruinado.

Porém, o efeito eleitoral de Lula foi até agora bem-sucedido. Através das bolsas que não geram mudanças sociais duradouras, Lula conseguiu ajudar bastante sua sucessora na região nordeste. A outra parte da ajuda foi devida à geração de empregos no sudeste.

Ou seja, oRoosevelt e Lula têm mais diferenças que semelhanças. O sr. Singer explicita o colonialismo intelectual do qual é fruto através do seu texto. Ele busca colar a imagem de Lula na de um personagem histórico que tem uma imagem positiva e, mais importante, é um estrangeiro. Como a personalidade em questão é americana, o autor usa uma terminologia com um claro ranço de sindical para tentar evitar ser considerado pró-imperialismo pelos seus colegas de ofício. Uma peça literária que, tal como Lula, terá o lugar histórico que merece.

sábado, 6 de novembro de 2010

Aécio, o previdente

Algumas pessoas têm visão de longo prazo. O sr. Aécio Neves é um notável exemplo deste espécime no âmbito imediatista da política brasileira. Seu nome figura em várias discussões inócuas: na refundação do PSDB, numa indicação à presidência do senado, na omissão dele nome no discurso em que José Serra assume da derrota na eleição e na atração de parte da base política do futuro governo para uma oposição "do bem" liderada por ele. Aécio sabe que a maioria destas polêmicas não levará a qualquer resultado prático, salvo algum fato novo que surja. Porém, seu nome estará em evidência na imprensa. Ele, que não foi indicado como candidato à presidência por não ser conhecido o suficiente, quer eliminar este defeito desde já; e olha que ainda faltam quatro anos para a próxima eleição. Isto é que é exemplo de visão de futuro.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Iidioootaaa, com muito orguuulhoo, com muito amooor!

Nos anos 1950 alguns intelectuais de países ricos visitavam a ex-URSS a convite do governo local e diziam maravilhas do regime autoritário herdeiro do czarismo. Antes deste período, atribuem a Lênin a invenção do termo idiotas úteis para descrever as pessoas que se prestavam a este tipo de papel.

No Brasil vimos algo parecido na eleição de Dilma Roussef, com um movimento de "artistas e intelectuais" fazendo coisa parecida. Agora que a eleição passou, o governo recém-eleito não mais precisa destes cretinos e prepara novamente um pacote de maldades. A primeira medida que se avizinha é a recriação da famigerada CPMF, que vai arrancar uma fração de todas as movimentações bancárias e afetará sobretudo aos assalariados. Interessante que os tais intelectuais e artistas, alguns deles professores universitários, serão imediatamente atingidos.

Em todo caso, creio que a terminologia inventada por Lênin não descreva exatamente os intelectuais e artistas brasileiros entusiastas do petismo. Outrora, os comunistas de luxo ganharam viagens, mordomias, bajulações e outros agrados. No Brasil, eles trabalharam de graça para a promoção do político e agora estão prestes a ganhar um imposto que incide diretamente sobre os seus vencimentos. No Brasil a idiotice tem um passado de glória e um futuro bastante promissor, muito além do que qualquer mente revolucionária de antigamente seria capaz de imaginar.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dinheiro absurdo, projeto idem

Dilma Roussef acha absurdo alguém se opor ao projeto do trem de alta velocidade. Ela diz que todo o dinheiro, algumas dezenas de bilhões de reais, serão pagas pela iniciativa privada. Bem, digamos que não é bem assim. Quem manifestou interesse no projeto foi o governo, e não empresas. Além disso, as empreiteiras que o construirão tomarão dinheiro público emprestado via BNDES, que é um banco público. Ou seja, como os recursos do banco são finitos e a quantia envolvida é astronômica, é evidente que outros projetos serão preteridos em favor referido trem. Assim, as questões que a sra. Dilma e seus bajuladores não querem responder por considerarem-nas absurdas são: a quem ele beneficia? por que o governo petista quer construí-lo antes de investir numa malha ferroviária que atenda necessidades logísticas mais prementes?

Dilma mostra os dentes

Em sua primeira entrevista, ao lado de Lula, a sra. Dilma Rousssef demonstrou que é de fato a mais nova filha da mesma cadela sarnenta do autoritarismo que gerou Lula. No evento, Lula disse não se conformar com a sua derrota no caso da CPMF; em seguida, Dilma falou da opinião "absurda" de quem é contra o projeto do trem-bala. Ou seja, ambos consideram inaceitável serem questionados, afinal, estão sempre certos em quem os contraria e a favor do "quanto pior melhor". O sorrisinho de ambos esconde a mesma face autoritária de sempre. A frase final do "ovo da serpente" de Ingmar Bergman é válida neste caso: "atrás da fina membrana, é possível ver o réptil completamente formado".

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Serra: outra cobra que morde o próprio rabo

Em seu discurso após o resultado da eleição, José Serra disse aos que consideram-no derrotado, que a sua luta está "apenas no começo". Será mesmo? Qual seria a sua luta? Nos últimos anos ele esteve a pular de cargo em cargo apenas para manter-se em evidência para o pleito presindencial. Ele pode tentar novamente esta estratégia fracassada concorrendo à prefeitura de SP em 2012 e novamente à presidência dois anos depois.

O homem decente age quando acredita que ninguém mais, senão ele próprio, pode e deve atuar na defesa seus valores, e faz isto não em prol de si, mas daqueles valores. Se qualquer outra pessoa pode realizar esta tarefa a contento, isso significa que tais valores estarão preservados no longo prazo, e a obstinação em realizar tal tarefa perde o sentido.

Como Serra não defende qualquer projeto ou valor, e qualquer um é capaz de desempenhar a função decorativa que ele imagina para si, seu discurso enfatizou a sua obsessão pelo poder, e mostrou que a sua condenação pela história, esta sim, está apenas no começo.

boa e má

Uma boa/má-notícia pós-eleitoral: Serra perdeu/Dilma venceu.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Vladimir Safatle: discurso pró-Serra em ato pró-Dilma

Num ato suprapartidário pró-Dilma Roussef, vemos o discurso de um certo Vladimir Safatle, professor do Depto de Filosofia da FFLCH-USP. No início ele afirma que a inteligência política exige a capacidade de enxergar pequenas diferenças. Ou seja, conclui-se que quem não é capaz de ver diferenças entre Dilma e Serra por elas serem quase microscópicas, não é inteligente.

Depois o mesmo senhor diz que Serra fez alianças com "a fina flor do pensamento de direita", um eleitorado forte, articulado e reacionário. E quem seriam estas pessoas? o douto professor não diz. Ou seja, primeiro ele afirma que quem não é capaz de enxergar diferenças não é inteligente. Depois ele mesmo é incapaz de apontar quem são e quais as diferenças dos que fazem críticas à pseudo-esquerda do PT. Nem precisamos nos esforçar para ver de maneira clara a estupidez deste homem.

FHC, retrato de um facassado

Interessante a matéria "o andarilho", publicada na revista Piauí de 2007 e assinada por João Moreira Salles sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No texto é narrado o cotidiano de FHC como palestrante internacional. A sua rotina se resume a enfadonhas conversas com acadêmicos, ex-políticos e jornalistas. Um retrato decadente e incoerente. A decadência se manifesta na busca quase irracional por duas coisas: dinheiro e evidência.

Vejamos a primeira delas, o dinheiro. Fernando Henrique Cardoso é aposentado da USP, teve mandatos políticos em que nunca punha a mão no bolso para qualquer despesa, logo permitiriam a total economia de recursos. Provavelmente também recebe pensão referente a estes cargos. Mesmo assim, se queixa da falta de dinheiro e atribui a isto a aceitação de um obscuro cargo na desconhecida universidade americana de Brown. Quais seriam as suas despesas? Talvez o luxo e a ostentação lhe façam falta, mas certamente a falsa preocupação com a própria subsistência o torna uma figura desprezível. Também aparece a irritação com o fato de ter-se tornado alguém totalmente irrelevante. "Adoro falar de mim", ele diz lá pelas tantas. A falta de quem o ouça com algum interesse verdadeiro o aborrece.

A outra característica que salta aos olhos é a sua incoerência. E esta incoerência está relacionada também ao dinheiro. Vejamos dois excertos, o primeiro:

"Dentre amigos e colaboradores, é imensa a admiração intelectual por Pérsio Arida e André Lara Resende. Lamenta que tenham se retirado da vida pública e deixado de produzir: "Não deviam ter parado tão cedo. É que existe essa mania de ganhar dinheiro. Ganharam, e agora não sabem o que fazer. "

E o segundo, uma resposta a um certo Daniel Ferrante, fĩsico brasileiro que trabalha nos EUA e quer retornar ao Brasil. Ferrante pergunta a FHC se existe um projeto de nação no Brasil. Ele responde:

"Um projeto de nação...", FHC começou. "A pergunta pressupõe que exista um centro decisório, alguém que planeja. Não há mais. O Brasil é um dos últimos países a ter Ministério do Planejamento; na América Latina, acabaram todos. É um dos efeitos do neoliberalismo. Dito isso, acho que tem lugar para você lá. Agora, você vai ganhar pouco..."

Ou seja, uma hora o sr FHC diz a homens ricos que não deveriam se preocupar somente em ganhar dinheiro, a um idealista ele responde que ele vai ser pobre se perseverar em seus ideais. A incompetência deste homem em responder a estas questões é uma evidência do seu completo fracasso, e são também uma explicação da mediocridade que ele diz encontrar no Brasil, mas que não acredita existir em si mesmo, por mais evidente que ela seja.

sábado, 2 de outubro de 2010

Lula e a burrice

o sr Lula classificou como "burrice" os protestos de rua que abalaram o governo do sr. Correa, presidente do Equador. Para Lula, nada justifica a violência contra um presidente democraticamente eleito. Bem, quais as razões da agitação no Equador? a redução de benefícios recebidos por policiais. Não vou questionar a se tal medida é justa ou não. O que discuto é a forma, e não o conteúdo. A maneira como Correa procedeu é violenta, mas Lula acha que a vítima da violência tem que dialogar. Exige-se que a vítima sente-se à mesa e discuta calmamente com quem, fora desta situação, não respeita qualquer regra de civilidade. Ou seja, quem está empossado num cargo pode valer-se de expedientes que são proibidos para quem é vítima de tais atos. É uma declaração coerente com muitas outras de Lula e que deixam claro o autoritarismo de suas concepções. Alguns podem mais que outros, são mais importantes, merecem ganhar mais, etc, etc. E ainda tem gente que acha que alguma coisa mudou em 16 anos de FHC-Lula.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Corrente pró-Serra

O sr Serra diz em debate na televisão que criará a décima terceira parcela do bolsa-família. Segundo ele, todos os agentes econômicos assalariados têm este direito, o que não é verdade. Os bolsistas de pós-graduação e pesquisa não recebem este benefício, assim como não têm direito a férias ou incluir a o tempo de formação como tempo de serviço para a previdência social. Talvez seja o caso dos bolsistas de pós-graduação e pesquisa se unirem aos beneficiários do bolsa-família para apoiarem Serra numa frente única.

domingo, 19 de setembro de 2010

Pior não fica

Alguns políticos e "autoridades" têm se manisfestado contra a candidatura do palhaço Tiririca à câmara federal. Dizem que Tiririca e outros candidatos cacarecos diminuem a credibilidade do processo eleitoral. Uma destas pessoas é o sr Paulo Skaf, candidato ao governo estadual paulista. Porém, é possível levar a sério a candidatura de um grande empresário por um partido socialista? Ao menos a candidatura de Tiririca é honesta e admite a que veio, além de ser útil para demonstrar a irrelevância do ofício político. Estes senhores devem satisfações a quem financia suas campanhas, e não a quem digita seu número nas urnas. Sendo assim, tanto faz o Tiririca ou o sr. Skaf. Além do mais, outros exemplos podem ser citados em prol de Tiririca. O sr Eduardo Suplicy, que ostenta os graus de doutor em economia e professor universitário não sentiu qualquer remorso em cantar o rap "o homem na estrada" no congresso e nem de "recomendar fortemente" o voto na Mulher Pêra. Então, já que todos os políticos são parlhaços de fato, por que recusar os palhaços de direito?

Treze Certezas 1

1. O fim da miséria

A suposta saída de 24 milhões de brasileiros da pobreza absoluta e a entrada de outros 31 milhões na classe média parecem algo bastante impressionante. Sem discutir a veracidade dos números ou dos critérios, que podem mudar a classe social de milhões sem qualquer mudança de renda, cabe pensar tanto no custo como na estabilidade deste suposto progresso.

Se os tais 24 milhões de ex-miseráveis retornarem à situação anterior se a bolsa que os beneficiou acabar, então é sinal de que a estrutura social que criou estes miseráveis permanece intacta. Apenas o governo federal passou a sustentar materialmente um grupo de pessoas que permanece excluído da sociedade. Por outro lado, qual o custo deste mecanismo? Os impostos que geram as receitas de programas sociais pesam proporcionalmente mais sobre as classes média e baixa que nas classes altas. Isto é explicado pelos impostos indiretos que incidem sobre o consumo. Quem gasta mais da sua renda para se alimentar proporcionalmente gasta mais de sua renda em impostos sobre alimentos. Isto vale para tudo o que se consome. Além disso, quem ganha mais aplica o seu excedente, por exemplo, em títulos do governo, que lhes paga mais em juros do que investe em programas sociais. Assim, a euforia da mudança de classe é na verdade uma ilusão. Apesar da necessidade de reduzir a pobreza, isto na verdade se deu custeado principalmente pelos próprios cidadãos pobres e de classe média. Os maiores bebeficiários do suposto "fim da miséria" estão nas classes altas, que aumentaram os seus ganhos pelo crescimento econômico e atingiram uma situação politicamente estável pela pequena melhora de renda nas classes baixas.

Dito de outra forma, o "fim da miséria" é na realidade um mecanismo de perpetuação da desigualdade de renda. A situação econômica mundial que permitiu o ganho absoluto de renda de todos manteve as diferenças relativas. Esta estrutura deformada não foi tocada no governo do sr. Lula, não será no provável governo da sra. Roussef e nem no remoto governo do sr. Serra. Como não há nenhuma razão para crer que algo mudará no futuro, o "fim da miséria" de Lula e Dilma é a miséria do fim das esperanças e a certeza de que o Brasil mudou completamente para continuar exatamente o mesmo.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Movimento Brasileiro de Aniquilação Histórica

O congresso brasileiro e o governo do sr. Lula estudam (sic) que a divulgação de documentos sigilosos deva esperar 75 anos, renováveis por mais 75, tal como apóia o sr Cândido Vacarezza, deputado federal do PT paulista. Ou seja, alguns eventos esperarão 150 anos para serem completamente revelados.

A história brasileira não é algo do qual possamos nos orgulhar. A pequenez dos atos cometidos pelos brasileiros ao longo do tempo é evidentemente inimiga das ambições nacionalistas dos militantes políticos.

Dizem que o Brasil não tem história. A verdade é que o Brasil, ou melhor os brasileiros, não querem ter uma história. Interessante que isto parta de um partido fundado ex-militantes de esquerda, inclusive ex-guerrilheiros. Ou seja, as informações do governo sobre os movimentos esquerdistas não serão divulgadas e somente sossos tretranetos poderão conhecer a verdade sobre estes movimentos. Quem tem medo da verdade? Naturalmente aqueles que cometeram atos injustificados, irracionais, incoerentes com suas condutas atuais, e certamente mais condenáveis que esta absurda proposta.