quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Campo da Ostra

Começou a temporada de invenção histórica. A saída de Lula do Planalto será acompanhada por uma campanha pela sua entrada no imaginário brasileiro. Primeiro é a mudança do nome do campo de Tupi do pré-sal para campo de Lula. Moluscos e outros monstros marinhos devem nomear tais campos, ouvi dizer. Em todo caso, é ridículo acreditar que foi uma escolha justa para com os outros seres das profundezas. Logo aparecerão avenidas e praças com o seu nome. Também já deram-lhe o título mundial de popularidade: 87% contra 84% de Michele Bachelet e 82% de Nelson Mandela ao final dos respectivos governos. Relevância destas pesquisas a parte, será razoável comparar tais resultados independentemente da sua confiabilidade e dos seus métodos? Irrelevante, é claro, sobretudo para os marqueteiros de plantão e para a arraia miúda.

Por outro lado, fora do Brasil Lula parece que já meteu os pés pelas mãos, o que o tornará figura impopular. Apoia os polêmicos regimes de Cuba, Irã, Bolívia, Equador e Venezuela, asilará Cesare Battisti, se regozijou publicamente da crise européia e americana, apoiou Manuel Zelaya em Honduras, promove um rearmamento brasileiro que pode desencadear uma corrida armamentista na América do Sul; resumidamente, um desastre. Suas pretensões internacionais estão restritas à África e à América Latina, não sem ressalvas. Ou seja, paira sobre Lula uma ameaça de ostracismo, pois ninguém está imune às intempéries que afligem a existência humana, cuja felicidade, jamais é estável.

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