quarta-feira, 10 de junho de 2009

O ovo da serpente

Ontem, 9 de junho de 2009, houve um novo conflito violento dentro da Universidade de São Paulo. Os envolvidos foram docentes, funcionários e alunos em greve e a polícia militar. A violência é rotineira dentro da USP. A invasão do prédio da reitoria em 2007 e as repetidas greves são reflexo do abandono do uso da razão para o apelo à força como instrumento de negociação.

O autoritarismo é, em meu ponto de vista, a marca maior da sociedade brasileira. O conflito nas ruas da USP não é senão o enfrentamento de forças que lutam irracionalmente para saciar sua sede de poder.

Os grevistas apoiadores do Sindicato dos Trabalhadores da USP, Sintusp, cuja diretoria é filiada ao PSTU, tenta utilizar reivindicações salariais e de condições de trabalho, que muitas vezes são justas e razoáveis, para ganhar poder político na universidade. A USP, dado o seu tamanho, seu orçamento, o número de funcionários e estudantes e seu prestígio, é o sonho de consumo de grupos que pretendem usá-la politicamente. A tomada do poder nas universidades públicas estaduais é, na visão destes senhores, uma etapa na conscientização da condição de explorado vivida pela população. Depois desta tomada de consciência viriam movimentos nas fábricas, nos hospitais, nas pequenas empresas, etc... até a tomada do poder total através de um movimento revolucionário.

Os estudantes eu dividiria em três grupos. O majoritário, onde estão os alunos que frequentam a universidade para estudar e não se interessam por estas questões. Creio que pelo menos 86% dos alunos podem ser incluídos nesta categoria. Obtive este número dividindo os 7,4 mil votantes da eleição de 2007 para o diretório central dos estudantes (DCE) pelos 51,9 mil estudantes de graduação da USP. Se incluirmos os 31,8 mil estudandes de pós-graduação, o número de estudantes interessados nessas questões é de cerca de 9%. Assim a visão de que alunos são baderneiros é falsa. Uma minoria participa destes movimentos. Um segundo grupo, inferior a 1%, é constituído por de estudantes militantes de partidos políticos que não estudam e utilizam a universidade para aplicar técnicas de manipulação aprendidas nos partidos onde são afiliados, como PT, PC do B, PCB, PCO, PSTU, PSOL, POR, entre outros. O sr. Lindberg Farias é um exemplo deste tipo de subproduto nocivo das universidades que são utilizadas como escola de autoritarismo para futuros políticos profissionais.

O número de professores que participa do movimento eu não tenho como estimar. A Associação dos Docentes da USP, ADUSP, não divulga em seu sítio o número de filiados. Mas estimo que a participação dos 5,4 mil docentes da USP seja menor que a dos estudantes. O interesse dos docentes é normalmente o de aplicar os conhecimentos adquiridos em doutrinas esquerdistas muito autoritárias e que são cega acriticamente seguidas por estes docentes.

Está claro que as pessoas que participam deste movimento são uma minoria que não está interessada em melhorar a universidade. Uma universidade é, no meu ponto de vista, constutuída por pessoas que buscam o conhecimento e têm a racionalidade como um valor. A partir do momento que estes valores são substituídos pela satisfação do desejo irracional do exercío do autoritarismo, o papel da universidade já não é mais este. A democratização meramente formal da sociedade brasileira fomenta a existência destes grupos extremistas e abre a brecha, mesmo que pequena, para a volta de um trágico regime autoritário, como o vivido de 1964 a 1985. A população não aprendeu a ser livre e nem a buscar a defesa dos seus direitos sem emprenhar a cadela sarnenta do atoritarismo.

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