sábado, 8 de janeiro de 2011

Alckmin: o bom samaritano

O discurso de posse de Geraldo Alckmin ao governo paulista é expressão de algo que somente a mistura de política e cristianismo pode gerar. Primeiro veio uma invocação ao sacrifício de governar digna de um Cristo. A modéstia e austeridade que ele julga necessárias ao cargo são dificilmente encontradas no vulgo, mas abundam nele próprio, é claro. Como bom cristão, servidor e temente ao altíssimo, Alckmim é devoto de alguns santos, e em seu altar figuram Covas, FHC e Serra. Alckmim sabe que os caminhos do senhor são tortuosos, mas mesmo assim não deve nunca se afastar dele, e isso significa que nada muda em São Paulo nos próximos quatro anos. Incrível que alguém se eleja para qualquer coisa com a proposta de nada fazer além do óbvio, sem ter uma única idéia. Não que mudanças bruscas seriam necessárias, mas ele não tem qualquer intenção fora deixar tudo como está, pois graças aos seu santos-padrinhos que o inventaram e também castigaram, o estado vai a mil maravilhas. Sobre Dilma, usou a expressãozinha da moda anti-criatividade que domina tanto o Planalto como o Bandeirantes: ele terá uma "relação republicana" com o governo federal. O que quer dizer? Nada, pois é apenas uma oração a mais no terço político rezado mecanicamente por Alckmin.

Sem comentários:

Enviar um comentário