sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Chove na horta em janeiro

O apocalipse chegou mais cedo para centenas de pessoas atingidas pelas chuvas. Tragédia para uns, oportunidade para outros. Aos políticos estes acontecimentos são uma verdadeira benção. Como diria Maquiavel, o bem se faz aos poucos, e mal de uma única vez. A destruição de uma semana vai movimentar bastante a economia dos durante todo o ano. Ouvi dizer R$600 milhões, uma importância considerável e que enseja boas oportunidades de ganho aos corruptos. Sem contar que a cifra tende a aumentar. A indústria de automóveis também já esfega as mãos para repor os carros e ônibus destruídos, sem falar nas auto-peças. A construção civil, então, nem se fala: construir num ano para destruir no próximo. Este é o verdadeiro crescimento sustentado da economia, pois o desperdício indispensável ao capitalismo está garantido.

Muitos empregos serão gerados, e os cidadãos ficarão bastante satisfeitos. Algumas pessoas morreram, mas a gratidão dos sobreviventes com os seus salvadores será mais do que suficiente para garantir a próxima eleição. A comoção gerada por uma criança morta ou um idoso desenterrado vivo são ótimos para fomentar o patriotismo, e as religiões também ganham mais alguns prosélitos, seja pelos atingidos direta ou indiretamente, seja pelos tele-compassivos. Ou seja, só mesmo alguém muito fora da realidade para imaginar que existe interesse extra-retórico de quem quer que seja em acabar com as enchentes de janeiro. Até as próximas, se deus quiser.

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